Avelino Pinto*

“Não faço outra coisa senão jogar no computador.” (dos jornais)

“Não faço outra coisa, só trabalho pela justiça climática. Vivo com pouco”.

 Ao nosso lado, à frente, há jovens que desconhecemos, contraditamos o que fazem, sem pensar uma segunda vez. Convencidos da razão que nos assiste, pactuamos, ficamos de fora, sem fazer diferente do que temos sempre feito.

Uns e outros jovens – os que só jogam no computador ou o jovem que desde os 15 anos, tem agora 20, apenas trabalha pela justiça clmática; os que sustentam cooperativas integrais ou se organizam para ter habitação; os activistas pelo ambiente (na Serra da Estrela) ou pelo desenvolvimento local, atraiem mais jovens para as causas de todos.

Ao seu lado, está o grupo de mães, presentes, sofrendo com este nosso comportamento e com a polícia qe actua com brutalidade, parte cabeças, obriga miudas a ficar em cuecas e…leva a aplicar penas pesadas e ameaças de cadastro pessoal manchado.

O que os jovens fazem serão actos de radicalização – parar o trânsito, pintar pessoas e portas com corantes que a água lava – por sentirem a urgência de trabalhar pelo clima?

O nosso espanto ofendido fica por aqui: calamos, passamos ao lado sem olhar para separaro trigo do joio, sem dar lugar a alguma inovação nas nossas vidas do dia a dia. Eles, estão conectados com a realidade, entram em experiências colectivas de colaboração, de transformação, e são ludribiados, sancionados… e continuam.

Somos obrigados a a parar, a abrir a porta à esperança, a não ficar sentados sabendo que as tempestades que se abatem sobre o clima, nos apanham e arrastam.

 

Neste espaço do mundo que explode em vários lados, importa encontrar lucidez bastante, paz e equilíbrio interior para nos dispormos a trabalhar pela justiça climática e a viver juntos, com mais humanidade.

 

Platão (séc III A. C.) mandou gravar nos três pórticos do Templo da Sabedoria, de Atenas:

–Sede Ousados (no primeiro).

– Sede ainda mais Ousados (no segundo).

…- Sede Ousados, com imaginação (ou não em demasia, no terceiro).

 

Um dia, Churchil, convidado para uma conferência num colégio de Londres, disse apenas:

– “Nunca desistam. Nunca desistam. Nunca desistam.”

 

Isso mesmo esperamos dos jovens activistas, para que o mundo não arrefeça.

Vamos atrás, olhamos para vós com compreensão. Estamos convosco para ir mais longe.

 

• Mestre em Psicologia,Formador e Animador Social