Pedro Estevão*
No próximo mês de novembro, passarão 50 anos sobre a realização do congresso fundador da BASE-FUT. Os órgãos da BASE-FUT decidiram assinalar este facto com um ciclo de eventos de comemoração que decorrerá
ao longo de todo o ano de 2024.
Será tempo para recordar os homens e as mulheres que nos precederam e ajudaram a construir uma organização tão singular no panorama associativo português como é a BASE-FUT. Mas cremos que a melhor homenagem que lhes podemos dar é olhar para o futuro. Queremos, por isso, que 2024 seja um ano de reafirmação da relevância e pertinência do nosso ideário.
Partimos da crítica do capitalismo enquanto forma de organizar a produção e o acesso a meios fundamentais para a subsistência humana – como a alimentação, os cuidados de saúde, a educação, a habitação, a mobilidade, a energia, a água ou o ar. Recusamos todos os discursos que procuram dividir os trabalhadores e assim ocultar a natureza essencialmente predatória do capitalismo, colocando consumidores contra produtores, trabalhadores nacionais contra trabalhadores estrangeiros, trabalhadores do setor público contra trabalhadores do setor privado.
Defendemos o Trabalho Digno e a dignidade do trabalhador como pessoa, e ainda o socialismo democrático como o melhor caminho para a resolução dos problemas sociais, económicos e ambientais que afligem as nossas sociedades. Defendemos que o socialismo democrático requer a formação de coligações sociais alargadas mas em que a classe trabalhadora e os seus interesses são ao mesmo tempo o seu centro e a sua força motriz. Defendemos que a mobilização dos trabalhadores tem de ser feita através de trabalho em coletivos de base, que permitam aos trabalhadores a articulação dos seus interesses em sintonia com as suas vivências e condições materiais de vida. E defendemos que o socialismo democrático é necessariamente internacionalista no seu âmbito e, logo, indissociável da solidariedade com as lutas dos trabalhadores em todo o globo.
As nossas tarefas para 2024 são tributárias destes ideais. No plano nacional, continuar a apoiar o movimento sindical, pilar da nossa democracia e alertar para os riscos existenciais provocados pela expansão do princípio do mercado a cada vez mais áreas da vida humana. No plano internacional, apoiar e dar visibilidade ao trabalho das organizações de trabalhadores a nível mundial; contrariar posições xenófobas e racistas que insistem em negar um direito fundamental como é a migração em busca de uma vida melhor; e solidarizar-nos com os povos – como o povo palestiniano, o povo ucraniano ou o povo saaraui – que lutam pelo seu direito à autodeterminação e de resistência a invasões e ocupações militar de potências vizinhas.
Hoje, como há 50 anos, só os trabalhadores libertarão os trabalhadores!Um Feliz Ano Novo para todos!
- Coordenador Nacional da BASE-FUT