Em janeiro de 1912 , dois anos após a implantação da República,realizou-se a primiera greve geral do Operariado Português.Tudo começou com uma greve dos trabalhadores agrícolas de Évora por melhores salários e condições de trabalho.Dois trabalhadores mortos e centenas de presos a lamentar.Mas esta greve fortaleceu mais o Movimento sindical rural e operário que caminhava para a constituição, em 1914, da sua primeira central sindical ,a União Operária Nacional (UON), que daria mais tarde, em 1919, lugar à histórica Confederação Geral do trabalho, CGT.
Curioso ver como a CGT, a Central Sindical Portuguesa, poucos anos mais tarde falaria desta greve geral e da sua importância ao referir no seu Relatório à Associação Internacional dos Trabalhadores-AIT o seguinte:«Depois de 1900 a organização operária, que se havia conservado estacionária, entra num periodo de transição progressiva que atinge a sua culminancia em 1914 no Congresso de Tomar.É nestes catorze anos que o sindicalismo tal como é agora compreendido desperta em Portugal e se afirma como corpo de doutrina. Ele vem renovar a acção dos trabalhadores que se tinha desvanecido durante os quinze anos em que foi encaminhada pela mão de uns para o terreno reformista e da colaboração de classes.
Este novo movimento vinha impregnado da doutrina que animava o já grandioso movimento sindicalista francês, e,no Congresso de 1908 promovido pela federação das associações orientadas pelos marxistas, a corrente sindicalista afirmou-se tão pujante que nos anos eguinte realizava-se em Lisboa o 1º Congresso Sindicalista em que tomaram parte muitos e importantes organismos operários.
Em 1910 é implantada a República, o que, e por via das afirmações dos seus caudilhos, vem dar maior força à organização sindicalista que dia a dia marcava o seu engrandecimento. As greves, que se vinham acentuando, multiplicaram-se, e em 1912 é declarada a greve geral em todo o País, por solidariedade para com os trabalhadores agrícolas de Évora.É ocioso descrever o que que foi esse movimento;basta dizer que ele é dos realizados até á data o mais importante e o que mais amedrontou o capitalismo.De aspectos absolutamente revolucionários prolongou-se por alguns dias, terminando pela prisão de muitas centenas de operários de Lisboa e pelo País…..»
Fontes:«O Movimento Sindical Português» de César Oliveira; «Subsídios para a História do Movimento Sindical Rural no Alentejo (1910-1914) de António Ventura;Notas da Fundação Mário Soares sobre a Greve Geral de 1912.