Faz agora um século que Portugal, em especial o Movimento Operário e Sindical, viveu tempos políticos e sociais complexos, desafiantes e extraordinários que alguns anos depois tiveram infelizmente um desfecho dramático com o fim da República e o início de uma longa ditadura.Três actores se destacaram nestes anos e nos seguintes:a Confederação Geral do Trabalho (CGT), o Partido Comunista Português(PCP) e o aparecimento político de salazar.
O Movimento Operário depois da derrota dos Monárquicos em Monsanto consegue algumas conquistas, a mais importante é a das oito horas de trabalho conseguida em Maio de 1919.No Iº de Maio a União Operária Nacional (UON) realiza, talvez, o maior comício de sempre no Parque Eduardo VII com 30 mil operários.
Em setembro do mesmo ano realiza-se em Coimbra o IIº Congresso Nacional Operário onde é criada a histórica CGT-Confederação Geral do Trabalho. A CGT, de inspiração anarco-sindicalista, editaria o jornal «A Batalha» que chegou a ser diário e foi o segundo jornal mais importante do País.
Entretanto o socialista Augusto Dias da Silva é nomeado Ministro do Trabalho.Demite-se alguns meses mais tarde.
No campo católico o Papa Bento XV aconselha os católicos portugueses a respeitarem finalmente as instituições republicanas.
Em novas eleições legislativas os socialistas elegem sete deputados e apoiam a greve geral, entretanto decretada pela CGT
Publica-se o «Bandeira Vermelha» órgão da Federação Maximalista Portuguesa.A vitoriosa Revolução Russa estava no centro dos debates dos dirigentes sindicais mais informados e era nesta altura uma grande esperança dos trabalhadores de todo o mundo.
Em 1920 os Bispos portugueses preconizam a «reconquista» das liberdades religiosas, algumas delas perdidas com a República.
Ocorre o IIº Congresso Extraordinário do Partido Socialista Português (PSP) em Lisboa e abre-se um conflito interno por causa da participação de um socialista num governo conservador republicano.
Em 1921 Um grupo de Maximalistas, quase todos sindicalistas, constitui-se em Partido Comunista Português seguindo naturalmente as táticas dos bolchevistas russos.O seu primeiro Congresso só viria a ser realizado em 1923.
Ocorrem ainda neste ano o Congresso regional do Sul do PSP e o Congresso do Centro Católico Português no Patriarcado e outro em Braga.Salazar, uma figura ainda pouco conhecida, é eleito deputado por Guimarães como candidato do Centro Católico.Dias depois abandona o Parlamento.
Realiza-se também o VIº Congresso da Federação das juventudes Católicas Portuguesas em Coimbra.
Nos anos seguintes e dada a miséria e opressão das classes trabalhadoras e do povo em geral, bem como a combatividade das organizações de trabalhadores, e em particular da CGT, os governos republicanos começaram novamente a «malhar» nos sindicalistas, realizando a prisão e deportação de centenas de dirigentes sindicais.O fosso entre os governos da República e o povo, em especial as classes trabalhadoras, alargava-se.
Fontes:«O sindicalismo em Portugal» de Manuel Joaquim de Sousa;«Católicos e Socialistas em Portugal» de Augusto José Matias;«História do Movimento Operário» de Carlos da Fonseca.