José Antunes
Atualmente, as longas jornadas de trabalho são frequentes em todo o mundo. Nos Estados Unidos, cerca de 18,7% dos funcionários trabalhavam 48 horas ou mais por semana, de acordo com o Inquérito Nacional de Vigilância de Saúde de 2010 e o Inquérito Europeu sobre Condições de Trabalho de 2010 indicava também que 14,9% dos trabalhadores na Europa realizavam longas jornadas de trabalho (48 horas ou mais por semana). No Japão as longas jornadas de trabalho são comuns e o chamado Karoshi, a morte súbita resultante do excesso de trabalho, tem sido um problema crítico da saúde ocupacional neste país (Imai et al., 2014). Com o advento da globalização económica e o crescimento correspondente da concorrência, grande parte da força de trabalho ficou sujeita a um aumento da carga e intensidade do trabalho (Li & Siegrist, 2018).
Jornadas de trabalho longas podem aumentar o risco de acontecimentos desfavoráveis para a saúde como dificuldades psicológicas, sintomas de depressão e ansiedade, declínio das capacidades cognitivas e o aparecimento de perturbações do sono (Virtanen, Stansfeld, Fuhrer, Ferrie, & Kivimaki, 2012) sendo que estes problemas parecem ser mais comuns nos grupos socioeconómicos mais desfavorecidos e apresentam também elevada prevalência em certas profissões do setor da saúde e do serviço social (Laaksonen, Lallukka, Lahelma, & Partonen, 2012). As longas jornadas de trabalho (mais de 11 horas por dia regularmente) podem aumentar o risco de doença cardiovascular, o que reforça a constatação de as horas extraordinárias mantidas (3 a 4 horas por dia) influenciarem de forma adversa a doença cardíaca coronária, aumentando este efeito adverso, à medida que essas horas extra aumentam. A pressão e o excesso de trabalho encurtam a vida (Jackson, 2011).Ler aqui o artigo na íntegra cuja divulgação foi autorizada pelo autor.