Antonio Canuto, fundador da Comissão Pastoral da Terra escreve sobre sobre um dos bispos brasileiros mais radicais na sua forma de vida e de falar dos Evangelhos.
«Podemos dizer sem medo de errar que Pedro Casaldáliga foi um dos bispos que melhor viveu e implantou as reformas que o Concílio Vaticano II propôs e os compromissos assumidos no pacto das catacumbas assinado por algumas centenas de bispos. Compromissos esses traduzidos para a realidade latino-americana pela II Conferência latino-americana dos bispos realizada em Medellín, Colômbia, em 1968….
Pedro viajava sempre da maneira mais próxima do povo, em ônibus, na carroceria de uma caminhonete, ou na de um caminhão carregado de sacos de arroz ou com toras de madeira, na garupa de uma moto e até na garupa de bicicleta.
Ao ir às comunidades fazia questão de visitar o maior número de famílias que fosse possível. Sem sombra de dúvida Pedro na região da Prelazia era quem mais conhecia pessoas e delas se lembrava quando as encontrasse em algum lugar. Lembrava detalhes da família, do trabalho.
A casa dele estava sempre com as portas abertas para acolher a quem por lá passasse. Pedro viveu totalmente integrado à vida do povo.
Como era seu desejo expresso, Pedro vai ser sepultado no cemitério à beira do rio, cemitério dos Karajá e onde estão sepultados dezenas de peões das fazendas, sem nome ou qualquer identificação.