Impactos do COVID 19 no movimento associativo

José Duarte*

Seria possível uma associação destes concelhos, localizada na aldeia, vila ou cidade, não ser confrontada com os impactos do chamado coronavírus?  A resposta é naturalmente no sentido de que a pandemia condicionou – e continua a condicionar – a vida e as actividades das associações. Com certeza com diferentes consequências e dimensões como os leitores terão constatado…

 Uma IPSS-Instituição Particular de Solidariedade Social, cuja principal actividade é o funcionamento e gestão de um Lar ou Centro de Dia, ou ainda valências destinadas a crianças, as quais têm de funcionar diariamente, teve que elaborar e cumprir um rigoroso “Plano de Contingência” para cuidar dos seus utentes e defender os seus trabalhadores. As IPSS tiveram que se adaptar a regras muito exigentes. Já uma associação de âmbito cultural, desportivo e recreativo foi aconselhada pelas Autoridades de Saúde a interromper e cancelar todas as actividades até que a actual pandemia permitisse aliviar o confinamento obrigatório.

   O autor deste texto, enquanto presidente de uma destas associações na cidade da Covilhã, e tal como outros dirigentes associativos, perante a situação de pandemia ameaçadora que ninguém podia adivinhar, tiveram que saber adaptar-se e assumir as decisões que as regras e o bom senso impunham em cada momento.

Naqueles dias quase a iniciar a Primavera, na minha associação foi preciso interromper e adiar as actividades diárias, tais como as aulas do Clube Sénior, as aulas de ginástica para associados em idade activa, bem como interromper o funcionamento das duas lojas sociais e, logo a seguir, fechar mesmo a porta da sede! Alguns dias depois, a direcção teve que assumir o cancelamento de diversas actividades marcantes na vida da associação e que habitualmente se realizam nos messes de Primavera e Verão.

 Que outras exigências e desafios tiveram e continuam a ter que enfrentar os dirigentes associativos?

 A verdade é que  “ninguém estava preparado para esta situação de pandemia”!

 Continuando do lado do associativismo especialmente de âmbito Cultural, Desportivo e Recreativo (que normalmente não têm uma organização profissional)  os responsáveis dos órgãos dirigentes também em consequência da pandemia, foram confrontados com outras exigências e desafios, dos quais poderia destacar:

 

* Assegurar os compromissos de pagamentos mensais, mas sem as receitas que resultam do regular recebimento das quotas e da realização de actividades.

*  Ausência dos momentos de encontro e convívio  saudavelmente habituais.

*  Também o desafio de aprender a resolver mais problemas pelo telefone e, na fase mais crítica, fazer reuniões em vídeo conferência, com o telefone ou computador e os limitados conhecimentos das novas tecnologias de comunicação.

* O desafio há-de também passar por dar mais valor a coisas que faziam parte da nossa convivência diariamente, como beijos e abraços, o calor humano de um bom diálogo, um almoço ou jantar de amigos ou com a família alargada…

Como teremos dado conta, principalmente nas semanas mais críticas do combate ao perigoso vírus Covid-19, foram incontáveis os gestos e as acções de solidariedade que se geraram. Talvez tudo isso possa anunciar outras formas de olhar a vida em sociedade e que permita fazer caminho para repensar o futuro a partir da nossa associação e da nossa comunidade – seja em aldeia, vila ou cidade – também desta nossa Beira Interior.

*O José Manuel Duarte foi sindicalista, é dirigente associativo na Covilhã, militante da BASE-FUT e da LOC/Movimento de Trabalhadores Cristãos

Nota: Este texto foi inicialmente publicado no Jornal de Caria .Agradecemos ao autor e ao director do Jornal de Caria Jorge Santos.

Junta-te à BASE-FUT!