Brandão Guedes*
A repressão dos trabalhadores aumenta em todo o mundo!Direitos laborais são atacados inclusive nos países democráticos! Estima-se em mais de 25 milhões as pessoas em servidão laboral!A luta pelo trabalho digno é global e concreta!
Neste 7 de outubro terá lugar 12ª edição da Jornada Mundial pelo Trabalho Digno.Centenas de organizações de trabalhadores vão promover diversas manifestações em todo o mundo para afirmar que a luta pelos direitos dos trabalhadores e pela sua emancipação económica, sócio-cultural e política está na ordem do dia. O recente relatório da Confederação Sindical Internacional (CSI) mostra como tem aumentado a repressão dos trabalhadores em todos os continentes, incluindo na Europa e na UE que ainda há pouco tempo aprovou o Pilar dos Direitos Sociais.
Hoje os trabalhadores, incluindo quadros e gestores, vivem e trabalham num ambiente a que chamam «mercado» onde a competição é feroz,as carreiras instáveis e curtas e tudo é flexível e volátil.Sistemas de avaliação profissional pagos a ouro obrigam a objectivos inalcansáveis, a frustrações e culpabilizações, não falando do stresse diário que nos corrói a saúde e a dignidade.
No mesmo «mercado», ou fora dele, vivem e trabalham também milhares de trabalhadores imigrantes clandestinos ou precários, uns na agricultura e construção, mas também na limpeza, a entregar produtos ao domicílio, a fazerem mil bisctes á hora ou à tarefa.Milhares encontram-se mesmo em situação de servidão dominados por redes mafiosas que exploram em negócio chorudo as crianças, jovens e mulheres.É o crime organizado para explorar seres humanos!Isto nas nossas barbas,em Portugal,na Itália,na Espanha na inglaterra e outros países europeus.São mais de 25 milhões!Estimativas apenas porque esta realidade foge a todas as estatisticas mas não pode fugir da nossa mente!
Mas, no «mercado» também existem centenas de milhares de trabalhadores nas fábricas do calçado, da cortiça e dos têxteis que continuam a suportar deficientes condições de trabalho, salários de miséria, horários prolongados.Quem manda é o patrão e o cliente, a empresa e o mercado mandam nos ritmos e na nossa vida.Para ter um aumento de alguns cêntimos no subsídio de almoço é necessário lutar com unhas e dentes e não é certo que se obtenha esse mísero aumento que pode não chegar para uma garrafa de água!
A entrada é de manhã cedo e a saída para ir buscar o filho é sempre muito tarde .Muitas das mulheres têm o trabalho doméstico suplementar ao trabalho suplementar da fábrica por causa do «banco de horas», que agora até vai ser sufragado, nome tão interessante que, outrora , continha promessas de emancipação, mas que, agora, vai servir para prender mais o trabalhador á fábrica.
Isto para não falar dos milhões de trabalhadores que em todo o mundo trabalham na economia informal onde não existem horários,nem regulamentos, nem contratos.É o reino do «safe-se quem puder», do ganhar algum dinheiro para não morrer, do pedir ou até pagar para ter um trabalho miserável.
É por estas e outras que o sindicato ainda continua a ser a nossa organização, a arma possível de milhões de trabalhadores sem terra, sem pão e sem teto.Onde eles existem vamos dar-lhes força, se necessário reconstruí-los, onde não existem há que organizar os trabalhadores em sindicatos ou algo que sirva os mesmos fins ,ou seja, a luta pelo trabalho digno para todos e para todo o planeta.As alterações climáticas podem matar o planeta.As alterações laborais e sociais em curso também nos podem matar a todos!A muitos já vão matando….
*Dirigente da BASE-FUT