«A primeira tentativa consequente de derrube da ditadura militar instalada com o golpe de 28 de Maio de 1926 eclodiu no Porto na madrugada de 3 de Fevereiro de 1927. No plano traçado, os revoltosos, à frente dos quais se encontravam “militares e civis republicanos cuja actividade política se tinha desenvolvido até ali fora da estrita vida partidária” 1, contavam com o levantamento das forças conjuradas em Lisboa e no resto do país nas doze horas seguintes, mas não aconteceu assim.
Esta revolução, como preferem chamar-lhe alguns dos intervenientes, fermentou no ambiente conspirativo generalizado que estava estendido a toda a oposição política ao governo da ditadura. Fortemente marcado pela participação de militares, o movimento que ganhava forma, já então identificado como o “reviralho”, tinha o apoio para esta acção de um leque alargado de forças políticas que ia desde o Partido Radical Democrático, Acção Republicana, Seara Nova, Esquerda Democrática ao sindicalismo revolucionário e ao anarquismo militante….»Ver artigo interessante e completo no jornal MAPA de 2014
Testemunho de um jovem participante lisboeta na revolta:
«Nesta manhã (dia 7 de fevereiro) os marinheiros do quartel de Alcântara, arrastando com eles a GNR do quartel que existia em frente, e depois com a adesão da mesma Guarda do quartel da Estrela, vão entrincheirar-se em S- Mamede, frente ao Largo do Rato,detidos pelas forças do governo estacionadas do lado das Amoreiras.
Os trabalhadores que seguiam para os trabalhos amontoaram-se às portas das fábricas e os mais decididos abalam para acompanharem a insurreição.Com um conpanheiro de oficina e de ideias sigo para o Rato.Muitos civis esperam obter armas que faltam e não chegam…»(Emídio Santana in Memórias de um Militante Anarco -Sindicalista).