José Ricardo*
Como desejo para este ano de 2019, recordo uma parábola que sempre me fascinou.
“Pois o reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. Feito com os trabalhadores o ajuste de um denário por dia, mandou-os para a sua vinha. Tendo saído cerca da hora terceira, viu estarem outros na praça desocupados e disse-lhes: Ide também vós para a minha vinha e vos darei o que for justo. Eles foram. Saiu outra vez cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo. Cerca da undécima, saiu e achou outros que lá estavam e perguntou-lhes: Por que estais aqui todo o dia desocupados. Responderam-lhe: Porque ninguém nos assalariou. Disse-lhes: Ide também vós para a minha vinha. À tarde disse o dono da vinha ao seu administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos e acabando pelos primeiros. Tendo chegado os que tinham sido assalariados cerca da undécima hora, receberam um denário cada um. Vindo os primeiros, pensavam que haviam de receber mais; porém receberam igualmente um denário cada um. Ao receberem-no, murmuravam contra o proprietário, alegando: Estes últimos trabalharam somente uma hora e os igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor extremo. Mas o proprietário disse a um deles: Meu amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo um denário? Toma o que é teu, e vai-te embora; pois quero dar a este último tanto como a ti. Não me é lícito fazer o que me apraz do que é meu? Acaso o teu olho é mau, porque eu sou bom. Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.» (Mateus 20:1-16)
Esta parábola, que apela à fraternidade em detrimento da competição, tem sido defendida por muitos homens e mulheres como os socialistas dos inícios da revolução industrial.
“Étienne Cabet – teórico do comunismo cristão, cita, no livro Viagem à Icária, de 1840, a fórmula “A cada um segundo suas necessidades. De cada um segundo suas forças” (“À chacun suivant ses besoins. De chacun suivant ses forces”) entre os princípios da cidade utópica de Icária. A fórmula então se tornou popular na revolução de 1848.[5]”
Talvez por isso a mensagem – “De cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo as suas necessidades” – atribuída a Marx e outros socialistas revolucionários, nunca me fez quaisquer engulhos nem me parecia necessário ser ateu ou agnóstico para perfilhar esta ideia.
Bastaria pensar que as mensagens de Jesus Cristo eram ensinamentos para Viver no quotidiano em fraternidade com os outros e não como a Igreja do Poder e da Inquisição nos catequiza, que é só para viver numa outra Vida, depois de morrer. Nesta podemos ser opressores e exploradores mas bastará pedir perdão e fazer caridade para podermos ter acesso ao Céu.
Desejo que a nossa ação de todos os dias contribua para caminhar no sentido do Céu na Terra.
*activista social,dirigente da BASE-FUT e membro da Comissão para os Assuntos do Trabalho.