António Soares*
O Tráfico de seres Humanos é um fenómeno que constitui uma das violações mais graves do Direitos Humanos do século XXI que gera muito sofrimento físico e psicológico às suas vítimas e simultaneamente lucros chorudos aos promotores do tráfico – os traficantes.
A ONU, há já alguns anos, estimava que existissem no mundo mais de 2,5 milhões de pessoas traficadas. Um número horrível reconhece Cláudia Pedra- investigadora deste tema há mais de 18 anos – mas acrescenta que, segundo muitos especialistas que trabalham no «terreno», este número é bastante superior, podendo chegar aos 200 milhões.
Em Portugal, segundo a mesma investigadora, após vários estudos, foram identificados 400 vítimas enquanto as estatísticas referiam apenas 100. Por muitas razões estamos perante um fenómeno complexo e silencioso que passa despercebido aos cidadãos comuns e mesmo às autoridades. As prisões têm presos condenados por crimes (roubo, venda de droga e outros) que na realidade são vítimas de tráfico que foram coagidos a os praticar pelos traficantes.
Porquê o Tráfico de Seres Humanos? As pessoas são traficadas para exploração laboral, exploração sexual, para prática de crimes, mendicidade, adopção ilegal, tráfico de órgãos e servidão doméstico. Os traficantes estão muito bem organizados, desenvolvem estratégicas sofisticadas para «captar» as vítimas para depois as explorar. Tenhamos presente que objectivo principal do TSH é a de obter dinheiro à custa da exploração Humana.
E nós que podemos fazer para que pessoas não caem nas mãos dos traficantes? Em primeiro lugar temos de estar conscientes que o TSH existe e devemos estar atentos – de olhos abertos – e procurar estar informados. Situações que nos parecem «esquisitas» devem ser denunciadas às autoridades. Ter muita atenção aos jovens (rapazes e raparigas) que podem vir a ser aliciados para actividades atraentes (ser modelo ou jogador de futebol, por exemplo) mas que na realidade se destinam à uma rede de exploração.
Existem já várias instituições que em Portugal estão a trabalhar para apoio às vítimas de tráfego. Una dessas instituições é a Comissão de Apoio às Vitimas de Tráfico de Pessoas – CAVITP. Trata-se de uma instituição que foi criada, há 10 anos, pela Conferência dos Institutos de Religiosos de Portugal e que hoje junta várias outras instituições da Sociedade Civil.
Lutar em defesa da dignidade e respeito pelos Direitos de cada homem e de cada mulher é uma obrigação de todos.
*António Soares é economista, dirigente do Forum Abel Varzim e membro da Comissão Nacional «Justiça e Paz»