Américo Monteiro*
A viagem para este intercâmbio realizou-se já na noite do dia 9 de Janeiro e o regresso aconteceu no dia 17, chegando nós a Portugal às primeiras horas do dia.
O grande pretexto deste intercâmbio era a realização de um Seminário nos dias 11, 12 e 13 no desenvolvimento de uma parceria já com mais de 10 anos entre (Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos de Portugal, KAB – Movimento dos Trabalhadores Católicos, da Alemanha e a Ação Católica de Cabo Verde). O tema desenvolvido foi “ A doutrina social da Igreja e o futuro da Ação Católica de Cabo Verde” e tendo por objetivo primordial, apoiar a expansão deste movimento parceiro, em Cabo Verde.
Sublinhava aqui um aspeto que é a nossa marca de movimentos de trabalhadores e de partilha da vida. Vínhamos participar no seminário no coração da Capital da ilha de Santiago, na cidade da Praia, mas durante a nossa estadia vivíamos nas periferias da cidade, em casas de militantes ou de amigos com as mesmas condições e carências que eles vivem no dia-a-dia.
Esta vivência trouxe-me boas recordações dos anos 80 do século passado em que participei num intercâmbio de Jovens europeus à América Latina, mais propriamente Nicarágua, em que durante um mês vivemos nas casas das famílias com as suas dificuldades, condições e hábitos.
Nos restantes dias deste intercâmbio com Cabo Verde, tivemos oportunidade de reunir com associações que apoiam iniciativas de economia social e solidária, associações de micro crédito, visitamos uma escola das periferias da cidade já com bastante boas condições de instalações e de meios, graças ás campanhas de apoio destes movimentos parceiros de vários anos e que desta forma também despertou mais atenção dos poderes locais e foi-lhes atribuída uma biblioteca da rede de bibliotecas de Portugal. Entretanto visitamos mais duas escolas a seu pedido e essas sim, no nosso conceito falta-lhes tudo.
Tivemos uma reunião de cortesia e de trabalho com o Bispo da Diocese que nos expôs a realidade da Igreja na sociedade de Cabo Verde em especial da sua diocese e discutimos experiências e perspetivas de colaboração futura.
Destaco ainda o último dia que foi dedicado a visitar vários locais da Ilha de Santiago de que sublinhava a visita que conseguimos fazer ao Tarrafal, à prisão em especial, onde muitos portugueses antifascistas perderam a vida e muitos outros sofreram e perderam muitos anos de vida. Aqui procurei indicações que me tocam particularmente, porque tinha memórias dos livros de Edmundo Pedro e que conheci pessoalmente, já como última pessoa viva que aí esteve preso, ele com mais de 90 anos e recordei conversas que com ele tive sobre o assunto.
Nas avaliações que fizemos deste intercâmbio deixei a ideia de que no futuro haja abertura à participação de outros parceiros para que estes tenham maior impacto, nomeadamente algum jornalista que acompanhasse a delegação.
Ficou também a sugestão de que poderiam os de lá indicar-nos amigos de Cabo verde que vivem em Portugal para os contactarmos e ver se estariam dispostos a trabalhar connosco nesta dinâmica de ação católica aqui em Portugal.
A delegação portuguesa foi composta por 4 pessoas sendo elas o Coordenador Nacional, José Paixão, o Assistente Nacional, P. Manuel Simões, a Tesoureira Nacional Armanda Teixeira e o dirigente Nacional Américo Monteiro.
A Delegação Alemã era constituída por seis pessoas, incluindo duas tradutoras, sendo dois deles de origem portuguesa.
* Dirigente da LOC/MTC, Membro da Comissão Executiva da CGTP-IN, dirigente do CESMINHO, e participante do CAT da Base Fut.
Abril de 2019