Por Fernando Abreu*
Jorge Mario Bergoglio,o Cardeal argentino de ascendência italiana, eleito Papa em 2012, sucedeu a Bento XVI, que resignou -penso eu- mais do que por razões de debilidade física, por não se sentir com força anímica e emocional para enfrentar as gravíssimas situações que minavam a credibilidade de alguns dos principais “ministérios” do Vaticano infestados pelo corrosivo vírus da corrupção, de imoralidade e falta de ética de alguns dos seus Responsáveis.
Entre outras, as práticas do Banco do Vaticano, os casos de de membros do clero, e a vida faustosa de algumas gradas figuras da Corte Cardinalicia, estavam a comprometer gravemente a missão da Igreja Católica.
Face a tão complexa situação, a eleição do Cardeal Bergoglio para Papa constituiu um desafio e um encargo de peso de dimensão exponencial para o novo Papa.
A sua eleição causou surpresa, e o novo Papa, de formação jesuíta, desde a primeira hora que fez questão de afirmar ao que vinha. Ao escolher o nome de Francisco, caso raro no Papado, com a sua escolha anunciou ao Mundo que, a exemplo de Francisco de Assis, era seu propósito Renovar a Igreja, despojando-a dos adornos dourados tonando-a pobre entre os pobres, e seguindo as pegadas de Francisco de Assis, continuou a calçar os sapatos usuais, dispensou vestes especiais, tomou o transporte público e foi pagar a conta do Hotel, e o significativamente recusou-se a ir viver nos aposentos do Vaticano, obviamente, para permanecer livre da influência condicionante da Cúria Romana,
Não obstante as limitações da sua avançada idade (só pulmão) tem procedido com coragem ao saneamento ético e moral do Vaticano, despromovendo ou dispensando altos dignatários, e tal como o Poverello de Assis:- A Que Temer? e a Quem Temer? Responde: NADA, e NINGUEM!
Porque Francisco está consciente de que a Igreja e o Mundo estão sendo arruinados, o que prejudica a todos os seres humanos, mas especialmente aos pobres, empenha-se para que todos os membros da Igreja e todos os homens e mulheres se comprometam na construção de um mundo mais humano e mais digno, pelo que os seus escritos e as suas intervenções públicas, no que respeita aos trabalhadores, aos pobres e excluídos, são constantes e contundentes: defesa da dignidade do trabalho, denuncia dos malefícios do sistema capitalista, da supremacia do trabalho sobre o capital, e valorização da ação das Organizações Sindicais, dos Movimentos Populares, das Organizações dos Camponeses e dos Sem-Terra.
É esclarecedor que tendo os odiosos crimes de pedofilia sido praticados durante os pontificados de João Paulo II e de Bento XVI, os críticos co Papa Francisco, só agora, e após se ter afirmado envergonhado pelo dano causado às vítimas e solidarizado com as mesmas no seu profundo sofrimento, e, sobretudo, por mais importante, ter emanado instruções rigorosas às dioceses de todo o mundo no sentido não só de prevenir situações futuras, como dispondo no sentido de o clero, seminaristas e leigos, terem o obrigação moral de denunciar publicamente os atos criminosos de clérigos para que os seus autores sejam entregues à justiça civil.
Estamos, pois, perante uma Campanha Política, porquanto é, indiscutivelmente, em razão da intransigente defesa dos mais pobres e carenciados da sociedade humana, que as alas conservadores da Igreja, Governos, e Orgâos da Comunicação Social, alguns dos quais ligados à Igreja, atacam o Papa Francisco, acusando-o de Anti-Papa e heréticio, e pedindo-lhe que se demita.
Há falta de argumentação válida para combater os seus Princípios Doutrinais, a justeza e a necessidade de reformas na Igreja, anunciadas ou em curso, as alas conservadoras de vários matizes, incluindo a religiosa, estão a utilizar a pedofilia como arma de arremesso contra o Papa Francisco, sendo desejável para a Igreja e para o Mundo que Ele tenha forças e coragem para mudar o que pode e deve ser mudado.
18 de Outubro 2018
*Fernando Abreu foi dirigente dos Movimentos Operários Católicos, sindicalista e fundador e dirigente da BASE-FUT.