Brandão Guedes
Os casos de pedofilia na Igreja Católica,antigos e actuais, continuam a assombrar as conferências episcopais de países como a Espanha,USA,França,Austrália, Irlanda e Chile, entre outros.
Alguns Bispos como os franceses e australianos, ou até mesmo os americanos, procuram enfrentar a situação nomeando comissões de investigação próprias ou em articulação com as autoridades civis.Outros casos como os Bispos espanhóis.embora reconhecendo o fenómeno e até dando sinais de arrependimento,negam-se a ouvir as vítimas e a colaborar abertamente com as autoridades civis.Noutros países, como o caso de Portugal,o silêncio é a regra como se nada tivesse acontecido nesta matéria.
À tibieza e medo de várias conferências episcopais o Papa Francisco respondeu com a convocatória de 21 a 24 deste mês de fevereiro, de um Encontro no Vaticano dirigido aos presidentes das conferências episcopais de todo o mundo.
Na preparação deste Encontro no Vaticano Francisco convidou os Bispos a ouvirem as vítimas locais para assim terem um conhecimento aprofundados dos factos que ocorreram no passado e as medidas necessárias para combater esta situação no presente.
É óbvio que esta situação degrada a relação entre o poder político e a Igreja Católica em alguns países.É o caso da Espanha onde alguns casos de pedofilia ficam apenas nos tribunais canónicos sem qualquer seguimento para a justiça civil.
A situação piorou há umas semanas quando a ministra da justiça espanhola pediu à Procuradoria uma lista de casos de abuso cometidos pelo clero.A Igreja espanhola continua numa posição retraída, embora, por exemplo, os jesuítas tenham avançado com uma investigação aos seus colégios naquele País.
Em Portugal esta questão deve estar a ser tratada com a máxima discrição e seria interessante saber o que o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa vai dizer no Encontro do Vaticano.
Uma coisa é certa.O Papa Francisco não deixará este tema no esquecimento pese a incomodidade do mesmo.Ainda há poucos dias voltou com um tema relacionado , os casos de exploração de freiras pelo clero.Exploração sexual e de trabalho, dizendo que as mulheres continuam a ser pessoas de segunda.Mas aqui também a Igreja Católica tem muito para caminhar, bem como as sociedades em geral.