Por Brandão Guedes
O que aconteceu com a estrada em Borba é mais um acidente evitável se não se continuasse neste país a negligenciar a segurança e a prevenção ,não apenas no trabalho, mas também nas estradas e pontes, caminhos de ferro, florestas e costa marítima.
Ainda não estão apuradas todas as causas da derrocada da estrada para dentro de uma pedreira com 80 metros de profundidade, um buraco enorme.Lamentávelmente existem vítimas! As do costume, ou seja as do trabalho.O problema agora tornou-se um assunto nacional porque o acidente não é apenas de trabalho.Não foi apenas a morte de uns operários anónimos como de costume.Caíu uma estrada e, tudo indica, com viaturas!
Não é preciso ser um especialista da proteção civil para verificar que existia ali um conjunto de factores de risco que mais tarde ou mais cedo poderiam levar à tragédia.A imprensa refere que toda a gente falava nos perigos da estrada!Uma questão simples:a estrada é anterior às pedreiras ou estas são anteriores à estrada?É uma questão importante porque se a estrada é anterior ás pedreiras como é que se licenciaram estas tão cerca de uma via pública, sem qualquer margem de segurança e sem dispositivos de vigilância e monitorização?Porque foram licencidas antes da legislação da década de 90 do século passado que impõe regras mais rigorosas?Mas precisamente essas pedreiras não deveriam ter mais vigilância?
As empresas vão tentar desviar as costas mas também têm responsabilidades na tragédia; Mas a Inspeção do Ministério do Ambiente o que andou a fazer?A Direção Geral de Minas ou organismo equiparado o que andou a fazer? Como se deixou explorar a pedreira na vertical aumentando assim o risco de colapso?A proteção civil da Câmara respectiva o que andou a fazer? Há que apurar todas as responsabilidades .Sabemos que nestes casos pesam vários factores económicos como o emprego nas pedreiras, as exportações os negócios,a austeridade dos últimos anos que fez adiar obras inadiáveis.Hoje já sabemos que os interesses económicos se opuseram ao encerramento da via que colapsou.Afinal coloca-se sempre este problema:quem manda?Como podemos confiar nas instituições públicas, enfim, no Estado se estes se submetem aos interesses minoritários dos negócios?Para as questões de segurança não pode haver tolerância.Está em risco a vida das pessoas.Haja vergonha e ponhamos as trancas antes de arrombarem a porta!