Por Brandão Guedes*
No próximo dia 17 de novembro a BASE-FUT comemora em Coimbra o seu 44º aniversário com um jantar de confraternização e um colóquio sobre os desafios do sindicalismo no século XXI, uma parceria com o Centro de Estudos Sociais da Universidade daquela cidade do Mondego.
É de assinalar a continuidade e resilência da BASE-FUT que, não sendo um partido nem um sindicato, não teve nunca, os respectivos apoios financeiros e poderes dados pela legislação portuguesa aos mesmos.Uma Organização que vive a cem por cento do voluntariado, ou, melhor dito, do activismo social militante, enraizado históricamente numa cultura operária católica de resistência à ditadura, do «ver, julgar e agir», nas metodologias de Paulo Freire e no sindicalismo autónomo e socialismo autogestionário.
Desde o início, porém, a a BASE-FUT foi a interlocutora em Portugal do sindicalismo internacional aglutinado na ex-Confederação Mundial do Trabalho (CMT), central mundial de inspiração cristã.Esta valência internacional e a substancial reflexão e experência de um núcleo de militantes ligados ao mundo do trabalho e do sindicalismo tornaram esta Organização laica na componente mais avançada e madura do sector laboral ligado ou inspirado nos valores sociais mais genuínos do catolicismo.
Contra «ventos e marés», a BASE-FUT foi superando as sucessivas dificuldades, nomeadamente da falta de meios financeiros, enquanto outros os tiveram abundantemente, a criação da Confederação Sindical Internacional ,que apoiou convictamente mas que lhe retirou a plataforma internacional CMT, e os problemas da renovação geracional, sem dúvida o maior problema que enfrenta actualmente.Um problema que, infelizmente, afecta todas as associações e organizações .
A BASE-FUT tem assim dois grandes desafios: a renovação geracional e a renovação das ideias sem abdicar da sua história militante, património ideológico e de dignidade e integridade.Ambas as questões estão intrinsecamente ligadas.A renovação das ideias vem da experiência/ação no terreno social e do debate aberto e fraterno com os trabalhadores , sindicalistas e investigadores mais jovens.
É neste quadro que se insere o colóquio que agora se realiza em Coimbra, no dia 17 de novembro, em parceria com o Centro de Estudos Sociais (CES) ,que agora também fez o seu 40º aniversário.Não podemos deixar de nos regozijar também com este facto.O CES é uma Instituição de estudo e investigação com um papel altamente relevante no nosso País, pese a natural animosidade de alguns sectores da direita portuguesa.Animosidade que advém precisamente do facto de esta Instituição desenvolver uma investigação comprometida com a realidade social, com a vida dos portugueses, com a vida e condições de trabalho dos trabalhadores.
*Dirigente nacional da BASE-FUT