«Coletes amarelos» são desafio aos sindicatos?

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Por Brandão Guedes

O jornal «Le Monde» publica hoje os dados provisórios de um inquérito realizado por um colectivo de universitários franceses que nos permite ter um primeiro retrato dos participantes desta revolta que abrange toda a França.São revelados dados muito interessantes que irão no futuro ser confirmados, ou não, por outros estudos mais sustentados.

Entre os dados  significativos estão aqueles referentes aos sindicatos e aos partidos políticos, que revelam claramente a rejeição das organizações representativas tradicionais pelos revoltosos.Assim 64% dos coletes amarelos consideram que os sindicatos não têm lugar neste movimento claramente reivindicativo.E 81% pensam o mesmo relativamente aos partidos políticos.Ora, a confirmarem-se estes dados com outros estudos valerá a pena fazer uma reflexão , nomeadamente ao nível da vida sindical.Gente trabalhadora, na sua maioria, considera que os sindicatos ou são inúteis, ou prejudicam o movimento em curso.Será?Ou, pior ainda, consideram que os sindicatos fazem parte do sistema injusto que se foi construindo nas ultimas décadas e que eles agora querem reformar?Ou que estas organizações não conseguiram reformar o sistema do qual fazem parte integrante?

Será importante em futuros inquéritos termos algumas respostas a este nível.As centrais sindicais francesas terão todo o interesse em saber as razões deste claro divórcio colocando o sindicalismo no caixote do lixo como instrumento capaz de combater as injustiças e promover a igualdade para todos e não apenas para algumas classes com maior poder reivindicativo.

Por outro lado é importante reflectir se o actual movimento grevista em Portugal não será visto pelos outros trabalhadores do sector privado e social como demasiado corportivo, a procurar fazer justiça a sectores profissionais específicos cujo patrão é o Estado, mas esquecendo o todo nacional, em particular os operários e trabalhadores de sectores mais tradicionais que lutam por alguns euros acima do salário mínimo e um subsídio de alimentação de quatro euros.Não estará aqui uma das causas do olhar crítico face às ações de alguns sindicatos?

 

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