As doenças profissionais são quase uma realidade ignorada!

A maioria dos trabalhadores e trabalhadoras portuguesas não relaciona as doenças com a sua profissão.Uma realidade invisível mas que revela os níveis de exploração dos trabalhadores.É um aspecto importante do combate pelo trabalho digno!

Em geral vamos ao médico de família e este frequentemente também não relaciona  as doenças com a nossa profissão.Como a maioria dos serviços de saúde do trabalho são externos, as condições de trabalho são pouco conhecidas pelos médicos desses serviços que nos fazem de longe em longe um exame, nos tiram umas «chapas»,nos pesam e, quando muito, fazem um electrocardiograma.A medicina do trabalho em Portugal é, em larga medida, uma prática burocrática.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho as doenças profissionais matam seis vezes mais trabalhadores/as a nível mundial que os acidentes de trabalho e deixam incapacitados milhares de trabalhadores/as.

Em Portugal são as mulheres trabalhadoras as mais afectadas pelas doenças profissionais representando mais de 70% do total das certificações, sendo a maioria das incapacidades resultantes de lesões músculo-esqueléticas.Esta doença tornou-se na principal doença profissional em toda a Europa e levou a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho a realizar uma campanha sobre esta problema.

Quantas mulheres trabalham anos e anos com tendinites, com dores, sem poderem fazer uma vida normal e não são mudadas dos locais de trabalho que as puseram doentes?Andam com paliativos, intoxicadas de remédios quando deveriam estar de baixa e devidamente acompanhadas.Não uma baixa de doença normal, mas profissional com todos os direitos inerentes, nomeadamente sem custos para a doente.

Os números sobre doenças profissionais não são credíveis

Os números sobre doenças profissionais em Portugal não são crediveis e nunca ultrapassaram as cinco mil por ano.Segundo relatório da ACT em 2018  foi ligeiramente ultrapassado o  número das 3000 doenças certificadas.Os distritos de Setúbal,Aveiro e Porto aparecem nos primeiros lugares.A indústria transformadora aparece como o sector com mais doenças profissionais.

A própria Direção Geral de Saúde reconhece que só uma pequena parte das doenças profissionais é participada.Assim os custos são suportados em larga medida pelo próprio trabalhador/a.É um dos aspectos mais escondidos da exploração dos trabalhadores que tem aumentado com os ritmos de trabalho,a pressão da gestão e dos clientes e de algumas tecnologias, nomeadamente a informatização da economia.

A invisibilidade das doenças profissionais tem várias causas, sendo a principal o facto de que existe uma grande dificuldade na associação entre doença e trabalho.Todavia, o sistema pode e deve ser melhorado.Temos que melhorar em especial a avaliação de riscos nas empresas e todo o sistema de participação e certificação das doenças profissionais.

A CGTP editou recentemente um GUIA intitulado «COMBATER AS DOENÇAS PROFISSIONAIS das mulheres trabalhadoras» que explica de forma pedagógica e simples o que são as doenças profissionais, quais os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras neste domínio, nomeadamente quanto á prevenção e reparação das mesmas.A brochura, para além de estar acessível em papel também pode ser consultada no site da Central Sindical.A perspectiva sindical também está presente neste pequeno livrinho que aconselhamos vivamente.

No site da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho também podemos encontrar muita informação sobre esta realidade, nomeadamente sobre as lesões músculo esqueléticas.

 

 

 

 

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